terça-feira, 8 de abril de 2014

A religião também está no gibi.


Tal qual o King Mob de Os Invisíveis, eu venero um deus com cabeça de elefante. Ainda assim, tenho andado envolvido com uma das versões em quadrinhos da bíblia. Tudo que tem demanda tem público, e a religião nunca esteve tão em voga quanto nos dias de hoje. Tal popularidade requer uma atenção maior para que erros pretéritos não sejam repetidos; afinal, com a velocidade da informação, as reclamações são quase imediatas.
Falar sobre religião é algo que depende não só da opinião do criador do gibi como de seu know how no assunto. A maioria dos envolvidos no universo das HQs não sabe o que fazer com o tema ou simplesmente quer desconstrui-lo. O Genesis de Robert Crumb e Chosen, o eleito do senhor são um bom exemplo de como o cristianismo pode render debates. Já Preacher descortina a história de um pastor que se meteu numa jornada cheia de infortúnios desde que Deus se ausentou e um mestiço anjo/demônio fugiu de sua prisão celestial.
Numa cultura judaico cristã é comum ver um monte de exemplos. Alguns são bizarros, como Battle Pope, as aventuras de um Papa que conta com a ajuda de Jesus Cristo para salvar São Miguel; ou Zombie Jesus, de Rob Liefeld, em que após o sepultamento do filho de Deus uma horda de zumbis é despertada e seus apóstolos são forçados a lutar contra os desmortos (destaque para Lázaro, o Imortal); ou também Godissey, um bizarro confronto entre deuses de diferentes culturas, que por acaso, tem Jesuscomo um dos lutadores.

Battle Pope e Jesus Cristo
Se a religião que nos governa é vista com várias liberdades criativas, as dos outros é vista de formas tão díspares que vão do absurdo ao desrespeito e, na maioria das vezes, seus símbolos máximos são adaptados para se adequarem às histórias em que aparecem. É comum vermos deuses de outras religiões tanto como (super)heróis quanto vilões. Algumas vezes até da religião majoritária vigente, como é o caso do anjo Ângela, criada por Neil Gaiman para as histórias do Spawn (mas que atualmente está na Marvel) e de Magdalena, agente do clero criada para as histórias do Darkness, personagem do selo Top Cow que também já foi perseguido por anjos.  Exemplos clássicos de outras religiões são: Mulher-Maravilha, que até 1986 teve um panteão com as versões romanas dos deuses gregos e, após esta época, passou a ser basicamente de origem Grega com seus deuses readaptados para este panteão; Thor e os deusesAsgardianos; e os diferentes Hércules dos quadrinhos, cujos panteões greco-romanos são os mais famosos. Mas, se procurarmos acharemos várias histórias baseadas em outras filosofias, como o material da Virgin Comics, que falou de XintoismoHinduísmo, religiões chinesas e até chegou a ter uma versão do Buda escrita por Depak Choprah.
É curioso lembrar que atropelos ocorreram. Um exemplo? O primeiro contato dos leitores americanos com o hinduísmo foi numa edição do Homem-Aranha em que ele e os X-Men encontram um grupo de cientistas transformados que assumiram características das divindades desta religião.
Bizarro? As religiões africanas e seus sacrifícios, entretanto, sempre foram segregados ao terror. Vodu (americana) e Macumba (brasileira) já assustaram muitos leitores que criaram uma visão errada baseada em elementos praticados por alguns de seus sacerdotes.
Curiosamente, de uns tempos pra cá alguns autores tem buscado narrar histórias mais fiéis. Um bom exemplo disso é a série Histórias da Bíblia, que narra as histórias numa linguagem infantil capaz de fazer novos leitores. Guerreiros de Deus, de André e Lya Alves, funciona tanto como algo para iniciados quanto como literatura descompromissada. Tivemos a Bíblia em ação e uma série de projetos, como a coleção Deuses do Olimpo, que destrincha as divindades gregas e suas histórias para que possamos conhecê-las como realmente são. O mesmo vale para AfroHQ: História e Cultura Afro-brasileira e Africana em Quadrinhos, que desmitifica os orixás e os apresenta como as divindades que realmente são.
A lista de quadrinhos religiosos e suas diferentes óticas é tão grande que poderia ocupar várias colunas. Mas a verdade é que eles são o que são: quadrinhos inspirados em religiões, o que serve tanto para criar novos fiéis quanto para informar ou desinformar seus leitores. As prateleiras das grandes lojas de livros estão cheias deles, e alguns a preços acessíveis. Que tal dar uma conferida e se entreter com a fé dos outros?
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Para tudo se acabar na quarta-feira.

Carnaval e quadrinhos.
Quadrinhos e samba têm a ver? Depende. Se você pensa só nos quadrinhos de Super-Heróis ou nos independentes modernos, a resposta é óbvia. O importado nunca vai comemorar os quatro dias do reinado de Momo. Já o quadrinho brasileiro…  E que personagem nacional exprime a brasilidade nagô senão o bom e velho Joe Carioca, o nosso Zé Carioca?
Vamos botar o bloco na rua que na Vila Xurupita o carnaval sempre teve vez.
Nosso querido papagaio não só nasceu polêmico como foi combatido pela fina flor do comunismo brasileiro da década de 1940.
Durante a Segunda guerra Mundial, o governo dos EUA tentou aumentar sua base aliada e mandou seu maior cartunista numa viagem pelas Américas, num esforço que ficou conhecido internacionalmente como “A política da boa vizinhança”. Ou seja, Walt Disney em pessoa visitaria as Américas e criaria personagens inspirados em habitantes típicos para uma série de curtas que seriam divulgados mundo afora. Outra artista envolvida no esforço foi a cantora portuguesa Carmem Miranda, que respondeu todas as críticas à altura com a música Ensopadinho de Chuchu.

Walt Disney nas areias de Copacabana
Num Brasil divido entre integralistas, comunistas e direitistas, fazer sucesso no exterior era chave de cadeia.
Chegando ao Brasil, Disney se entusiasmou com a arte do famoso cartunista J. Carlos (responsável pela arte de todo o material nacional da Disney) e resolveu homenageá-lo. Há quem diga que os sambistas Paulo da Portela e José do Patrocínio Oliveira também podem ter sido homenageados e especula-se que o hábito do guarda-chuva foi emprestado de uma figura folclórica carioca conhecida como Dr. Jacarandá.

Zé Carioca e Pato Donald em "Alô, Amigos"
O resultado foi a criação de um personagem bem brasileiro que, em 1942, no filme “Alô, Amigos“, introduziu o Pato Donald ao seu cantinho preferido da América Latina. O sucesso do personagem foi tão grande que, antes mesmo de sua estreia nos cinemas americanos, ele já tinha tiras em jornais brasileiros. Com o êxito do primeiro, foi produzido mais um filme, que em nosso país foi batizado com o nome do seguimento que nos interessou: “Você já foi à Bahia?” No filme, que teve até músicas de Ary Barroso, os três amigos Zé Carioca, Donald e o Mexicano Panchito chegaram a dançar ao lado de Aurora Miranda (irmã de Carmen) e do Bando da Lua.
Já nos quadrinhos, apesar de ter passado por outras editoras, foi na editora Abril que ele fez sua casa.

Donald, Zé e o mexicano Panchito em "Você já foi a Bahia?"
Suas histórias foram as primeiras a serem produzidas exclusivamente por artistas brasileiros, não só abrindo um belo mercado de trabalho como se tornando um item cultural de exportação. Ainda assim, seus coadjuvantes foram criados  pelos americanos. RosinhaNestorRocha Vaz… Só o Zé Galo foi criado no Brasil. Sua função foi adaptar para a nossa realidade as qualidades do então rival Luís Carlos, criado para as tiras americanas.
Seu flerte com o carnaval já vem da primeira história de sua revista americana, quando se envolveu com uma sambista inspirada em Carmem Miranda. Não por acaso a história se chamava O Rei do Carnaval.
Se no filme ele era um típico malandro brasileiro dos anos 40 apaixonado pelo Brasil, nos quadrinhos ele não só se tornou um favelado como um belo dum caloteiro capaz de qualquer coisa para fugir dos cobradores, até vencer uma corrida de 400 metros. E mais do que sua brasilidade nagô, ele foi mostrando sua carioquice. Samba, praia e futebol foram assuntos constantes em suas histórias. Contudo, por ser um personagem infantil, ele nunca foi visto com uma cachacinha na mão.
Curiosamente, devido à falta de histórias próprias, histórias de outros personagens foram readaptadas como sendo dele nos primeiros anos e até que a produção nacional fosse oficializada, para evitar que a Editora Abril cancelasse sua revista. Com isso, sua personalidade também era adaptada para caber dentro das histórias em que era incluído. Daí que muitos personagens originais tiveram de ganhar seus similares no universo do Zé Carioca. Um bom exemplo disso são os sobrinhos Zico e Zeca, que surgiram para ser decalcados quando histórias do Pato Donald fossem aproveitadas. A primeira história produzida no Brasil com o Zé recebeu o nome de “A Volta de Zé Carioca” publicada em O Pato Donald #165 (1955), cujos desenhos são atribuídos a Luís Destuet. Já a primeira história produzida por um artista brasileiro, Jorge Kato, teve o mesmo título da história de 1955 e foi publicada em O Pato Donald #434 (1960).
Até por causa das adaptações, e diferente do que era feito nos EUA, sua versão brasileira vivia em Patópolis (ou numa cidade próxima) e dividia muitas histórias não só com os personagens famosos quanto com seus coadjuvantes. Isso só mudou a partir de 1972, quando a produção Disney nacional foi consolidada e ele passou a fazer suas papagaiadas em cenários que conhecemos bem.
Nos anos 90, seu guarda roupa chegou a ser mudado. As roupas de sambista da primeira metade do século ficaram pra trás e ele passou a se vestir como qualquer jovem morador de comunidade. Até um boné ele passou a usar. Também nos anos 90 ele chegou a apresentar um Talk Show no extinto programa TV Colosso.
Na virada do milênio, vários títulos foram cancelados e a Disney decide fechar seu estúdio aqui no Brasil. Zé Carioca teve, então, sua última história nacional inédita publicada em 2001 – ainda que em 2005 e em 2013 tenham sido feitas mais tentativas, quando o personagem voltou com histórias inéditas produzidas em outros países. Supostamente, a editora tem um banco de histórias que talvez nunca lance.
Talvez vejamos novidades em 2014 e 2016, mas a verdade é que mesmo sem histórias inéditas continuamos tendo o papagaio em algumas publicações e, de tempos em tempos, o vemos em animações da Disney. Mesmo que a quarta-feira de cinzas tenha chegado para nosso querido Zé Carioca, a verdade é que novos carnavais podem trazer novidades para seus fãs.
[https://www.youtube.com/watch?v=4UviHjgH-d4]
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Editores, artistas e o novo mercado de quadrinhos nacionais


Não dá mais pra retardar a velocidade da informação. Em 2014 qualquer comentário é respondido com a mesma velocidade com que é feito.
Dia desses, um artista comentou que, com as novas formas de publicação, a necessidade de um editor era basicamente nula. Quase que prontamente um editor fez um pequeno discurso sobre sua editora ter trazido vários autores novos pro mercado e sobre como eles estavam aumentando os pontos de venda. Depois de ouvir os dois lados da questão, eu me pergunto: Qual dos dois está errado? Pergunto isso porque, ao seu modo, os dois estão certos.
Historicamente falando, a maioria dos editores brasileiros sempre deu um jeitinho de se aproveitar dos artistas, o que criou bolhas produtivas regionais e esporádicas. O Rio de janeiro, por exemplo, participou de uma entre os anos 1970 1980 e até hoje está tentando se mudar pra São Paulo, que é onde todas as bolhas acontecem. Fora do eixo Rio-São Paulo, as editoras sempre rareavam e os artistas tinham de implorar atenção e aceitar as condições dos poucos editores que dão chances.
Se eles são de confiança? Digamos que seja um recalque pessoal, mas por uma série de motivos, poucos são. Alguns nem são a velha iniquidade, mas são sonhadores e desorganizados. É o típico viciado que virou traficante e quase não lucra com a produção.
Se o traficante não tem lucro, imagina o avião… Ah, sim, muitos só são editores porque são os donos da editora. Numa editora, se você não se dá bem com um dos editores, normalmente tenta a amizade com outro. O ponto é que no Brasil a editora só tem um editor e normalmente acabamos nos sentindo exatamente como nos tempos de escola, quando tentávamos reclamar da aula de um professor que (por acaso) também era o diretor.
Uma editora precisa de pontos de venda físicos e muitas vezes tem mais prejuízos do que lucros. Como muitos tem medo do temido material nacional, o editor brasileiro que arrisca não só paga pouco como existem casos em que ele deixa bem claro que, se você não quiser, outro quer.  Sim, também existem os artistas que só querem ter o prazer de dizer que produziram algo e mostrar pro papai, pra mamãe e pra você que são artistinhas de respeito. O ponto é que isso não cria um mercado de profissionais. No momento em que até um artista novato com o traço em desenvolvimento quer lucrar com sua arte, todos vão fazer qualquer coisa menos quadrinhos depois de um tempo. Perdemos diariamente um grande número de artistas que poderiam ser importantíssimos pro meio simplesmente porque eles não monetizam sua arte.
Parece que o virtual não só quebrou a incerteza como ainda gerou essa possibilidade do artista ganhar o seu qualquer. E com o surgimento da primeira loja virtual brasileira, os intermediários se tornaram levemente desnecessários.
Qualquer um pode produzir e descobrir quanto vale seu show. Mesmo que ele valha pouco, afinal, estamos criando uma nova forma de comércio que depende de seus leitores e a verdade é que, por mais que já tenhamos internet há quase 20 anos, ela ainda está engatinhando. Ainda assim, a geração mais nova gosta de ler na tela. Não gosta do papel ou simplesmente gosta das duas mídias.
Vivemos numa época de descentralização. Com a nova facilidade, o editor é obrigado a alcançar um nível novo e realmente oferecer algo que faça a diferença. Ele deixou de ser a única porta de entrada do artista. E isso é bom.
Mas ele não precisa se tornar uma relíquia. Quer um exemplo? Deu certo no digital? Investe no papel. E é aí que entra o editor. Ele precisa estar antenado pra saber o que está dentro de seu perfil de publicação e mandar bala. E mesmo que não se enquadre no perfil de uma editora, o artista ainda poderá criar uma fanbase na internet que continuará consumindo seus quadrinhos.
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O Dia do Quadrinho Nacional


Dia 30/01 foi o Dia do Quadrinho Nacional.
Você sabia disso? Se sua resposta foi “Nem sabia que tinha algo além da Mônica…”, não se espante, você não está só.
O dia do quadrinho nacional surgiu em 1984, e é uma homenagem ao dia que o italiano Ângelo Agostini chegou no Brasil no longínquo ano de 1869. Sua importância para os quadrinhos é tanta que suas histórias As aventuras de Nhô Quim ou Impressões de uma Viagem à Corte e Zé Caipora são tidas como os primeiros quadrinhos publicados em nosso país. Seu diferencial foi o uso rudimentar do que atualmente chamamos de linguagem dos quadrinhos. Outra homenagem a esse importante artista foi o prêmio Ângelo Agostini, criado em 1985 pela Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo.
Agostini foi um precursor, mas os quadrinhos continuaram evoluindo até se tornarem o que são hoje. Quase dois séculos depois, a Mônica foi o quadrinho que deu certo, mas vários artistas que pensaram em algo na mesma linha afundaram com o tempo.

Turma do Lambe-Lambe

Bons exemplos (no mesmo estilo) são a Turma do Lambe-Lambe, de Daniel Azulay, e Cacá e sua Turma ou Os Amendoins, de Ely Barbosa, que já tiveram até programas de TV, mas viraram nostalgia.  E se formos ver outros estilos, veremos que por um bom tempo, apesar de todas as dificuldades e problemas, sempre surgiram HQs para todos os públicos e de diferentes qualidades.
Mas o que fez com que fosse tão difícil fazer quadrinhos no Brasil? Podemos dizer que boa parte da culpa é do preconceito, mas quando ele surgiu?
Creio que a raiz disso venha dos anos 1940, num brasil onde integralistas e direitistas mostraram sua cara feia e tentaram dominar as ideias e ideais do povo. A Caça às Bruxas começou na Itália de Mussolini, passou pela América Macartista e aportou na Terra Brasilis, onde se estabeleceu após uma pequena adaptação. Inspirados na ideia do líder fascista de que ler quadrinhos criava mentalidades antinacionalistas e nos conceitos americanos de que as HQs deturpavam a cabeça de seus leitores, o Brasil do integralismo pulverizou nas mídias a carta de um suposto presidiário, que só teria chegado onde estava devido à lavagem cerebral feita pela nona arte.

Cacá e sua Turma
Foi o bastante para que a mídia, os políticos e a igreja criassem uma campanha funcional que, mal interpretada por nossos pais e avós, levou-os a entender que tal literatura emburrecia seu leitor e, por isso, era algo “do mal”.
Queira você ou não, esse período fez um tremendo estrago a longo prazo. E não pelos motivos certos, afinal, o que realmente ficou foi o conceito de que era algo infantil e de que só idiotas perdiam seu tempo lendo. Sim, nossos pais e avós eram tão ignorantes que interpretaram a verdade conforme suas percepções. Infelizmente, isso queimou nossa mídia e gerou um problema sério: a condescendência. Nos tratam como retardados ou idiotas e, quando entrevistam alguém do nosso meio, sempre inserem algum tipo de subtexto preconceituoso. Infelizmente para nós, não existem leis anti discriminação que defendam o nosso grupo.
O preconceito maior, aliás, consistiu em não criar um público nem um mercado para o nosso tipo de mídia. É impossível investir num produto diferente se supostamente só existe um público. Já que quadrinho é essa coisa de Mônica ou de Disney, poucas editoras investiram em algo novo. Houve boas editoras (como a Vecchi, que publicou terror e faroeste, a Taika, que publicou super-heróis, e a Bloch, que

Ângelo Agostini
fez alguns experimentos), mas foram grupos independentes de artistas, como o que se mudou para o sul e montou a editora Graphipar, que revelaram importantes nomes do quadrinho nacional adulto (a maioria migrou para o exterior).
O grande problema é que esse tipo de mercado deixou um gosto amargo em seus artistas, que passaram a desacreditar naquilo que faziam e desencorajavam todos os que buscavam seus conselhos. Que mercado? Mesmo que isso fosse um fenômeno mundial, era na nossa realidade que a pedra apertava, e se você cresceu nos anos 80 praticamente não viu nada nacional na banca e achou os anos 90 um oásis. A década que trouxe os agenciadores de quadrinhos internacionais e os quadrinhos com traço inspirado em mangás mudou a forma como muitos viam a mídia. Tivemos convenções internacionais, barateamento de papel e vários fanzines que se tornaram revistas independentes.
Nossa geração pegou o bastão e fez seu trottoir. Sempre lembrando que somos a primeira geração de pais assumidamente nerds, que se comunicam (sem preconceitos ou condescendências) com a mesma linguagem dos filhos. Ser nerd ou gostar de quadrinhos não incomoda nossos filhos, que agora leem e produzem quadrinhos de formas novas. Com a internet, os novos candidatos a Ângelo Agostini podem fazer seus próprios quadrinhos e garantir que próximas gerações também comemorem essa importante data.
 
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O Sonho de Publicar Quadrinhos


Enviado 26/01/2014 8:00 am por Alexandre D´Assumpção

O sonho de publicar quadrinhos.

Tenho falado muito sobre o que vem de fora, sobre o estabelecido, mas nunca falo nada sobre mim ou sobre os pequenos sonhadores.
Você quer fazer quadrinhos?
Como membro do Coletivo Capa Comics, eu produzo quadrinhos para um tipo específico de leitor, ainda que usando uma linguagem universal. Afinal, fazemos quadrinhos e quadrinhos são um dos mais poderosos veículos de comunicação existentes. Mas quem se importa?
Talvez você. No meio de todos os tipos de quadrinhos, a maioria dos leitores é obrigada a se ver dentro de milhares de realidades, nenhuma delas igual à sua. O que grupos como a Capa Comics fazem é justamente pegar os quadrinhos e transformá-los em algo que valha a pena para um tipo de leitor. Não moramos em Nova Iorque, no Japão e muito menos no bairro do Limoeiro e, por isso, somos obrigados a nos adaptar ao que temos.
Na verdade, não. Ao longo de minhas andanças eu descobri que todos os quadrinhos são locais e conversam com algum tipo de comunidade. Se isso é verdade, por que eles não conversam com você? Se essa for uma das suas reclamações, eu tenho a resposta: Mexa-se e faça seu próprio quadrinho! O que o torna diferente de todos os outros quadrinhistas? Só você sabe falar sua língua e várias pessoas estão em busca disso.
Se tudo é local, faça você a história do seu local. No mundo todo só você se conhece, e já que você é parte de sua comunidade, você é a melhor pessoa para falar sobre ela. No Brasil muitos falam do Nordeste, do Sul e de outros estados, mas quem fala do seu lugar?
Que tal você?
Imagine, ouse e faça a diferença como nós fazemo
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Artes Inéditas de Histórias da Bíblia

Apesar de ter tido uma edição publicada, a proposta da série Histórias da Bíblia era narrar todas as histórias contidas neste que é um dos ...